12/04/2006

Acordo com a sensação de que te perdi.

Para P.B.

Acordo com a sensação de que te perdi.

A dor é tão forte, que parece que arrancaram uma parte de mim, que alguma coisa está a saír do meu corpo. É terrível, esta sensação.

Não me quero levantar. Prefiro adormecer de novo para camuflar este sentimento, para esquecer que o mundo real, realmente existe.

Nunca sonho contigo, ou se sonho, não me lembro. Ainda bem.
Hoje é sem sorrisos que te recordo. Apenas lágrimas.
E lembro com uma saudade inexprimível todas as conversas, todos os momentos, de cada palavra que te disse, que me disseste, tantas vezes em silêncio. Não omito um único pormenor...

Não consigo esquecer. És meu, mesmo que sejas de outra. Tenho a certeza. Tenho a certeza de que serás para sempre meu, mesmo que não estejas comigo. Hoje, apercebo-me o quanto me fazes falta e apenas consigo chorar.

Não sei o que dizer para desabafar, porque apenas o teu nome, todos os momentos eu consigo recordar. É apenas sobre isso que posso falar.

Queria desaparecer, deixar de ser eu só por uns dias, para não ter de enfrentar esta realidade irreal, surreal que é a minha vida contigo.

Ligas-me constantemente a horas despropositadas e eu escondo o que realmente sinto debaixo desta carapaça forte de supermulher que aguenta tudo, que suporta tudo, que prefere deixar-te a ser rejeitada, que prefere largar-te à tua vida real antes que a magia se dissimule e se torne numa vida de dia a dia que tanto necessito, mas que conscientemente racionalizo se não se tornaria apenas em mais uma relação que se esvai com o quotidiano.

Surgem-me ideias e pensamentos nunca antes experimentados. Acredito no teu amor por mim, mas não quero acreditar nele, porque me faria fraquejar, assumir sentimentos que poder-se iam transformar em mágoas. Deixo que as coisas fiquem assim, porque no fundo, mesmo que te perca, não te perderei nunca. Preciso do dia a dia, mas o teu dia a dia não é meu. Sei o que sinto e não quero sentir, por isso, não sinto. Guardo. Não verbalizo. Persisto no bac que me deu assim que te vi pela primeira vez.

Lá estavas tu. Mas, comparado com o que senti nessa noite, todas as outras noites, todos os outros dias, nenhuma vez foi tão forte e inquestionável como está a ser hoje.

Não sei o futuro e, como em tudo aquilo que me provoca incertezas, não quero saber. Sinto. Sinto muito. Mas, no fundo eu quero a certeza, mas não admito que a quero.
Deixo-te viver este momento e refugio-me na minha vida, no meu trabalho, naquilo que sei poder controlar.

Sim, tenho uma vida contigo, talvez outra, ainda não entendi. Uma vida paralela que transcende tudo o que é racional, terreno, mundano, tudo o que as minhas anteriores relações foram e tudo o mais que as minhas histórias futuras possam vir a ser. Tu és tu. Eu sou eu. E juntos somos um só.

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