Num ritmo doce, porém quente, percorro as palmas das mãos pelo teu tronco e sinto-te... Beijo-te e o teu corpo eleva-se um pouco, como que para me sentir melhor. Todo o teu eu físico chama por mais toque, mais boca, mais pele. O teu cheiro enebria-me o espírito e olho o teu rosto, belo, sereno, estimulado. Mordes o lábio e um sorriso é inevitável. Conheço-te.
Pedes, calado, que te solte, embora, por ti, aquele momento pudesse durar a noite inteira. E o envolvimento surge, o abraço é cada vez mais forte e um chamamento recíproco torna-se incontrolável e, tranquilamente, os nossos rostos fundem-se, o nosso olhar fixa-se, os nossos corpos colam-se e tornamo-nos num só. Por aquela noite, um só.
Rituais repetem-se, mas desta vez a saída é mais demorada. O prazer não foge. Volta. E mais tempo houvesse, mais vezes tornaria a voltar.
No ar do desejo, não fica à porta apenas o calor de mais uma noite. Ele acompanha-me por mais uns dias confusos, porventura passageiros, mas com uma dúvida que recuso verbalizar. Com o passar do tempo, todos os planetas se alinham e a vida volta ao normal, deixando a pairar a eterna questão acerca destas noites quentes de um Outono que chega em breve, a eterna questão silenciosamente deliciosa do mistério.
Não venhas até às escadas... Fecha a porta e descansa, que os nossos dias, as nossas noites, estão a chegar ao fim...