20/07/2007

Fragmentos

Olho o retrato que tu não me deste
Recordo os momentos que me arrancaste
Releio as cartas que te marcaram
E apenas resta, cá dentro
Um fragmento

De um ser, de um parecer
De uma luta que acabei por perder
De um sonho que me tiraste por querer
Um sonho que também era teu

Revejo-te, vezes sem conta, por aí
Trocamos palavras,
Gestos forçados que não se dão
Olhares que se tocam entre a multidão
Eu não te esqueci

A mais bela poesia
Que aguarda em silêncio
Frangmentos de um ser ou não ser disperso no tempo
Detalhes que ficam guardados cá dentro
E até tu voltares, enfim,
Apenas restam... Fragmentos... de mim.

18/07/2007

A vida seguiu lá fora...

A vida seguiu lá fora.

Cá dentro, permaneceu o teu cheiro, a imagem do teus sorriso, do teu ar quando estás sério, o som da tua gargalhada, da tua voz, o toque das tuas mãos no meu cabelo, nas minhas, o teu beijo, o teu silêncio, o teu abraço...

Cá dentro ficou um sabor doce-amargo, a saudade das tuas palavras, a lembrança, os encontros e desencontros, as músicas, o nosso vício e todas as outras noites, em que pensei em ti e desejei ter-te do outro lado.

Aqui manifestou-se a inconstância da minha natureza, a certeza de que não fui talhada para viver as pessoas senão de forma breve, a inspiração, a dor da tua ausência, a mudança radical da minha vida, o que me invadiu assim que vi o teu braço pegar, pela primeira vez, no telefone, a sensação de um verdadeiro unfinished business, mas por si só já resolvido... Cá dentro permaneceu a vontade da luta, mas a injusta imposição da resignação.

Cá dentro um sentimento ficou e, mesmo que por muito pouco tempo, sei que também viveu desse lado. E, saber que gostaste de mim, mesmo que apenas por uns dias, é quanto me basta para sorrir. Porque nunca senti algo tão forte, sem sequer precisar de estar com a pessoa por quem o senti. E não será essa a mais pura forma de amor?... Sentir e saber que o sentimento foi recíproco é tudo quanto me basta.