09/01/2007

And so it is...

Pensamentos partilhados, conversas interrompidas por silêncios desconfortáveis perante o confronto.Palavras por dizer. Acções por concretizar.
Decisões tomadas no silêncio da tua ausência. História enterrada na areia de uma praia distante, para poder entrar leve no ano de todas as mudanças.
A necessidade de normalidade. Fácil de entender.

É o fim. O decisivo fim do qual nem o início nem o desenrolar conseguimos descortinar, entender. Será que algum dia iremos perceber tudo isto que se passou ou o que nos liga verdadeiramente?

O fim. A tristeza de um fim necessário para que as vidas prossigam a sua rotina, sem atropelos. O fim sem vontade de acabar. O final de uma coisa que não sabemos explicar, obrigado a controlar, por mais tempo que passe.
Resta-nos lembrar os momentos, as conversas. Apenas isso poderemos guardar, sem risco de serem, de dentro de nós, roubados.

A tristeza com lágrimas. Decisão convicta como nunca antes. Maturidade, disseste. Tristeza madura, que secou o pranto, que o mar levou naquela madrugada cheia de estrelas e na qual a lua, propositadamente, brilhou tanto como brilhava em todos os nossos encontros, iluminando todo o negro céu. Para que eu não esquecesse. Para que te lembrasse.

Durante algum tempo, habitaste o meu pensamento, não conseguia tirar os olhos dos teus, mesmo quando não estavas comigo. Era confuso, estranho. Muito estranho. Por ser contigo.
Apesar de continuar a sentir que uma parte de ti me pertence. Talvez o teu mais verdadeiro Eu seja um bocadinho meu, também. São muitos anos de partilha, de centenas de palavras escritas, de revelações, de apoio mútuo, de ajuda, de situações conversadas, de momentos intocáveis, que apenas poderei perpectuar em linhas escritas, como estas.

Não foi paixão ou amor. Não fora dos nossos momentos. Aí sim, todos os sentimentos mais nobres, mais simples, mais selvagens, mais bonitos, vinham à tona. Mas só aí. Agora tenho, disso, a certeza. Um Amor apenas materializável quando os nossos rostos e os nossos corpos se fundiam, apenas num abraço ou num beijo, mesmo que não tirássemos a roupa. Até sem despirmos, a nossa fusão era inacreditável! Não consigo deixar de me espantar com tamanha beleza...
Tudo o resto foram confusões, resquícios do reencontro de um companheiro antigo, mas que ficou congelado num passado, que a alma agora reconheceu.

O fim pela necessidade do reinício. O fim de todos os finais para que a vida se revire e traga uns olhos, um corpo que possa, finalmente, viver e desfrutar.

Apenas permanece o medo de que, quanto mais tempo afastados, maior seja a saudade e mais forte, explosivo, seja um inevitável reencontro futuro. Estaremos iguais? Estarás igual? E eu, estarei igual? Se o tempo intensificou o que sempre existiu, se o tempo fez crescer a ligação, como será daqui para a frente a ausência provocada pelo afastamento, pela primeira vez, forçado? Como será continuar, agora, no silêncio? Como e onde ficará a nossa amizade?

A energia que emana dos nossos corpos, das nossas almas, para o exterior, que se sente no ar, que se respira, que se cheira, extinguir-se-à em algum momento da nossa existência actual?

O tempo. O que fará o tempo por nós? Esquecer-nos-à? Fará com que nos esqueçamos um do outro?

O fim. Um fim que não se quer. Um fim, mas não um fim qualquer. O culminar de um ciclo que se fecha por necessidade, com alguma dficuldade, com uma inevitável e, talvez, surpreendente dor. Que se encerra, não por ser melhor assim, mas por ser a única forma de continuar a viver.