O mais belo sonho sonhado em dias cinzentos de névoa perdida,
O poema em linhas traçado cobertas de amor e de dor e magia,
Foste a estrela que guiou minhas ruas e me acompanhou de noite e de dia,
O caminho correcto escolhido, a percorrer quando andava perdida.
Foste o mar revolto e calmio de tardes infindas num bar conhecido
Foste o quadro pintado com as mãos, que já estão cansadas e velhas e frias,
O relógio atrasado e estragado que ao contrário girava em horas tardias
O calor que aquecia o meu corpo e o recebia em dias sombrios.
Foste a mágoa, o choro e a raiva e o grito feroz de um amanhecer,
Foste a voz e o som da guitarra que me harminizavam ao entardecer,
Foste o sonho que sempre sonhei, que pouco viveu e vejo, já, morrer,
Foste o azeite que me acendeu a vontade da vida e a luz do prazer.
Foste a terra mais húmida e seca e fresca que outrora encheu o meu milharal,
Foste a planta mais verde e sadia que já vi nascer no meu areal,
Foste o leito de areia, aquele em que me deitei para repousar,
Meu desejo adente, meu fogo, quimera, minha pedra filosofal.
A batalha sangrenta e cruel que com tanto carinho me ofereci lutar,
A conquista ingrata e injusta dos castelos da vida vejo naufragar,
A paisagem campestre e antiga de uma cidade que me vai ficar,
A lembrança, a memória de tempos, que na nostalgia, me vão despertar.
O cigarro mais longo de um maço que saboreei e fumei sem cessar,
Foste o escuro mais negro e disperso que vi no meu céu e não queri apagar,
Foste o copo cheio de álcool e vazio de esperança por quem quis lutar,
Expressão de um silêncio espelhado que de tão falado queria calar.
Foste o presente mais precioso que algum dia se me podia oferecer,
Minha cor, meu anel, fantasia, minha roupa antiga obrigada a despir,
Foste a caixa, refúgio, o medo em que vagueei e, por ti, desprendi.
Meu perdão, minha culpa, livro que escrevo e canto com a voz que perdi.
Meu tesouro num fundo guardado, que procurarei com o passar dos anos,
Minha carta, parede forada de quadros a cores, de um Natal tão distante,
Companheiro de risos largados, de sonhos calados, de um olhar tão terno,
Foste um anjo, um pedido lacrado, que de tão pedido, se tornou eterno.
És a prosa a quem sempre dedico e sempre dirijo uma linha seca,
És a fada mais bela e formosa que voa no céu e recai sobre a mesa,
És Lisboa, amante e amigo, com quem eu corria pela tarde fora,
Foste a quem mais me dei, amei e odiei e de quem me despeço agora.
Foste a casa que arquitectei e que construí para podermos viver,
Meu amado, num carro assaltado, dentro da garagem, ao anoitecer,
Meu refúgio, meu tudo meu nada, braço estendido para me acolher,
Meu desgosto, pedra de xisto que com suas lâminas me faz sofrer.
Foste a voz da razão e certeza que renunciou ao amor que te quis,
Foste a musica calma e serena, melodia quente que cantou para mim,
O pilar a que me agarrei com unhas e dentes, que vejo caír,
Insegura, frágil fissura que se abre no chão e que me mostra o fim.
A palavra mais terna e mais dura de um nome que fica agora gravado,
Tentativa, reconciliação de uma paixão, de um amor acabado,
Dicionário perfeito e completo de significados por hora fechado,
Meu amor, porquê recusar um amor que sabemos estar destinado?
O que é feito de tantas palavras saídas da boca e agora esquecidas?
Esqueceste as juras tão feitas e que, de repente, se tornam perdidas?
Apagaste a memória falível de tantas conversas por nós partilhadas?
Meu engano, concha fechada, final de etapa, minha encruzilhada.
Foste o fado que me acompanha e que fica marcado para a vida toda,
Sonho alado, que sonha acordado e só e me desperta no raiar da aurora,
O presente que temo por nós por tanto te querer com o passar da hora,
O príncipe dos contos de fadas que negaste ser e te provas agora.
Foste a esperança que quis esperada, mas que de tão gasta acabou por morrer
Foste a pdra salgada mais doce que me caíu nos lábios e me fez render,
Foste a fonte da mais pura água da qual bebi para adormecer,
O abraço mais forte e mais longo que desejei apertar para não te perder.
Dos teus olhos guardo a ternura, a paz e a candura que não esquecerei,
Do nariz a forma perfeita, tua linha estreita, que eu sei me quer bem,
Do teu rosto a pele mais macia, mais bela poesia das que já toquei,
E da boca, o beijo chorado, quente e demorado que agora deixei.
Foste o texto esculpido, traçado e rasgado na mágoa de lágrimas vãs,
O ciúme fingido e escondido por cima da cama em cada manhã,
Foste a Arte mais pura e perfeita que alguma vez me propus estudar,
Minha rosa negra de amor e paixão que se nega a deixar-se murchar.
Foste o sonho do qual acordei com o simples toque de um amanhecer,
Meu amado, príncipe encantado de um livro encerrado ao anoitecer,
Meu presente, futuro e passado que insite em ficar para permanecer,
Vagabundo que foge do medo, se esconde e desiste... e se deixa... perder.
Mescla de histórias reais e ficcionadas, de encontros e desencontros entre pessoas diferentes e pessoas iguais. As várias vidas das mulheres e dos homens que conheço e desconheço. As mentiras, as verdades. As duplas vidas, os circulos de vidas onde tantos se encontram e desencontram, numa sociedade em crescente decadência.
08/06/2006
Ode ao teu Encanto ou Saudade
06/06/2006
O Fim
Acabei de decidir. Vou partir, deixar-te para trás. Esquecer-te. Abandonar-te. Sim, vou abandonar-te à tua sorte e partir. Partir deste amor que me consome e que não consigo esquecer nem ultrapassar. Um amor que já não serve. Que acabou já e apenas eu julguei possível reaver. E senti-o de uma forma tão real.
Apenas receio continuar a amar-te por toda a minha vida e o meu coração bater por ti e pela vida que julguei possível termos um dia. O meu coração insiste em gritar o teu nome como se fosse possível voltar atrás no tempo e reviver tudo, como se nem um minuto tivesse passado.
Fizeste-me experimentar um amor como nunca havia sentido antes. Depois de ti, mais ninguém. Nunca mais experimentei nada assim. Julguei amar outro alguém, mas amor é o que fica, quem fica. E tu ficas sempre. É um amor grande, grandioso demais para ser vivido aqui e, por isso, parto. Parto sem destino, parto como se do planeta fizesse parte o infinito e tu fosses uma estrela que deixa de brilhar.
Deixo-te. Deixo-te a este mundo que tem sido tão ingrato com o meu desaustinado coração, que apenas se preencheu por completo nos momentos em que estiveste presente na minha vida. Nada me resta. O meu peito está vazio, vazio, vazio. A minha respiração é cada vez mais fraca e dentro de mim um grito mudo tenta soltar-se, tenta soltar-te.
Tenho de deixar-te ir, mais uma vez, deixar-te saír de mim para sempre. Não consigo mais suportar-me dentro desta dor pela tua ausência, desta angústia pelo facto de te querer tanto.
Tu mudaste, mas eu sei, continuo a acreditar que não mudaste. Quero sempre, a cada dia, acreditar que tu persistes em ser aquela alma humana, doce, carente, cheia de amor, de sonhos, de promessas por concretizar. E tu vais conseguir. Tu vais ser feliz, ter a tua casa, a tua fiel mulher e os teus tão ansiados filhos, que pretendes criar como parte de ti, para eliminares os erros que cometeram contigo, para te sentires completo. Tu vais. Mas eu não vou estar ao teu lado nesse percurso. E não suporto essa ideia. Apesar de estar disposta a largar-te. Por amor.
É como se tivessemos tido um relacionamento que falhou e terminou há minutos, há segundos. Havia muito tempo que não sentia tamanha dor. E não pensei ser possível voltar a ter esta dor por ti. Não por ti. Talvez por outro. Mas por ti, não. É cruel demais. Não faz sentido. Foste o amor da minha vida, que se cruzou comigo por apenas breves instantes, num toque apenas e que não ficou. E é como se, sem ti, nada fizesse sentido. É em ti que penso se estou à beira mar, se estou em casa, no carro, onde quer que vá. É assim desde que te conheci. Nada mudou. Vejo, até, que se intensificou com o passar do tempo e não admito que a vida tenha sido tão malvada, tão madrasta comigo que tivesse o desplante de me retirar o meu maior sonho, de ter arrancado de mim o meu amor, o único alguém que preencheu e que senti confiança para amar, sem questionar, em toda a plenitude que o amor pode atingir.
Deixo-te ir, com a diferença que agora não estás comigo. E eu não aguento mais. Não consigo voltar a amar. Tenho-te a balançar diariamente dentro da minha cabeça. Não dá mais.
Tenho de partir. Estou pronta para, de novo, seguir o meu caminho por minha conta, sozinha. Olho-te de longe, certamente olharei antes de partir e verei o teu olhar triste de quem se recompõe de um desgosto, de uma frustração de uma relação que não deu certo. Um olhar que busca o amor e alguma coisa superior, alguma coisa brilhante, espectacular. Mas prestes está a surgir-te a felicidade e a tua plenitude.
Serás um ser humano completo e eu serei uma memória, ou talvez nem isso. Faço parte do teu passado que já esqueceste e tu continuas no meu presente para ficar. Não sei quando ou se voltarei um dia. Mas agora parto. Parte do meu coração, também, para que não tenha de pensar em ti onde quer que vá. Pelo menos faz isso por mim.
Apenas receio continuar a amar-te por toda a minha vida e o meu coração bater por ti e pela vida que julguei possível termos um dia. O meu coração insiste em gritar o teu nome como se fosse possível voltar atrás no tempo e reviver tudo, como se nem um minuto tivesse passado.
Fizeste-me experimentar um amor como nunca havia sentido antes. Depois de ti, mais ninguém. Nunca mais experimentei nada assim. Julguei amar outro alguém, mas amor é o que fica, quem fica. E tu ficas sempre. É um amor grande, grandioso demais para ser vivido aqui e, por isso, parto. Parto sem destino, parto como se do planeta fizesse parte o infinito e tu fosses uma estrela que deixa de brilhar.
Deixo-te. Deixo-te a este mundo que tem sido tão ingrato com o meu desaustinado coração, que apenas se preencheu por completo nos momentos em que estiveste presente na minha vida. Nada me resta. O meu peito está vazio, vazio, vazio. A minha respiração é cada vez mais fraca e dentro de mim um grito mudo tenta soltar-se, tenta soltar-te.
Tenho de deixar-te ir, mais uma vez, deixar-te saír de mim para sempre. Não consigo mais suportar-me dentro desta dor pela tua ausência, desta angústia pelo facto de te querer tanto.
Tu mudaste, mas eu sei, continuo a acreditar que não mudaste. Quero sempre, a cada dia, acreditar que tu persistes em ser aquela alma humana, doce, carente, cheia de amor, de sonhos, de promessas por concretizar. E tu vais conseguir. Tu vais ser feliz, ter a tua casa, a tua fiel mulher e os teus tão ansiados filhos, que pretendes criar como parte de ti, para eliminares os erros que cometeram contigo, para te sentires completo. Tu vais. Mas eu não vou estar ao teu lado nesse percurso. E não suporto essa ideia. Apesar de estar disposta a largar-te. Por amor.
É como se tivessemos tido um relacionamento que falhou e terminou há minutos, há segundos. Havia muito tempo que não sentia tamanha dor. E não pensei ser possível voltar a ter esta dor por ti. Não por ti. Talvez por outro. Mas por ti, não. É cruel demais. Não faz sentido. Foste o amor da minha vida, que se cruzou comigo por apenas breves instantes, num toque apenas e que não ficou. E é como se, sem ti, nada fizesse sentido. É em ti que penso se estou à beira mar, se estou em casa, no carro, onde quer que vá. É assim desde que te conheci. Nada mudou. Vejo, até, que se intensificou com o passar do tempo e não admito que a vida tenha sido tão malvada, tão madrasta comigo que tivesse o desplante de me retirar o meu maior sonho, de ter arrancado de mim o meu amor, o único alguém que preencheu e que senti confiança para amar, sem questionar, em toda a plenitude que o amor pode atingir.
Deixo-te ir, com a diferença que agora não estás comigo. E eu não aguento mais. Não consigo voltar a amar. Tenho-te a balançar diariamente dentro da minha cabeça. Não dá mais.
Tenho de partir. Estou pronta para, de novo, seguir o meu caminho por minha conta, sozinha. Olho-te de longe, certamente olharei antes de partir e verei o teu olhar triste de quem se recompõe de um desgosto, de uma frustração de uma relação que não deu certo. Um olhar que busca o amor e alguma coisa superior, alguma coisa brilhante, espectacular. Mas prestes está a surgir-te a felicidade e a tua plenitude.
Serás um ser humano completo e eu serei uma memória, ou talvez nem isso. Faço parte do teu passado que já esqueceste e tu continuas no meu presente para ficar. Não sei quando ou se voltarei um dia. Mas agora parto. Parte do meu coração, também, para que não tenha de pensar em ti onde quer que vá. Pelo menos faz isso por mim.
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